1 de fev. de 2012

A diferença

É que agora tudo o que podia sair já não pode, as palavras, os gestos, as vontades, os carinhos, os sentimentos, as dores, os receios.

Já não se pode deixar cair a máscara, antes pelo contrário, tem de ser criada uma nova para que haja algo que possa ser salvo.

A diferença agora é que parece que se caminha à beira do precipício e qualquer palavra, acto, gesto, atitude pode ser mal interpretado.

Resta então que tudo o que se sente seja calcado bem para o fundo do coração, para que as possibilidades desses sentimentos virem à tona sejam cada vez mais reduzidas.

Agora é deixar de regar os sentimentos que cresceram de uma forma imparável, começar a secá-los pouco a pouco, deixar de os alimentar até que fiquem reduzidos a pó. E rezar para que todo esse processo se desenrole de uma forma rápida e mais indolor possível.

A diferença é que agora se deseja que esses sentimentos vão cada vez mais para o fundo do nosso ser, que fiquem por lá até cairem no esquecimento, aguardemos então, sejamos fortes, sejamos capazes de fazer tudo isso.

Venha a nós essa força que nos permita voltar a sorrir, a querer voltar a dizer presente à vida, porque há coisas na vida que não controlamos e esta é uma delas.

Porque se para quase tudo há um fim, tem existir algures um começo, que nos permita voltar a sentir.

Nenhum comentário: