21 de fev. de 2012

Assim foi

Afinal tudo acaba por ser efémero. As preocupações, as dúvidas, as certezas, as coisas boas, as más. A sorte o azar. São coisas que aparecem na nossa vida, às quais damos a importância que elas merecem naquele momento mas depois de ultrapassadas acabam por ser (como alguém diria) espuma.
E quando essas coisas (espuma) desaparecem da nossa vida (não completamente, mas como são ultrapassadas já não têm a mesma importância), é preciso estarmos preparados para o que está para vir, constantemente.
Nesta vida (na minha) se há coisa que não nos é permitido é adormecer à sombra, tirar um momento para relaxar, ou poder apreciar o que há de bom (por mim falo). Sempre que há um desses momentos de descontração acontece sempre algo que faz com que a vida (a minha) fique mais uma vez de pernas para o ar, e aí, volta a começar tudo (de novo ou não), mas é preciso novamente desembainhar a espada, levantar bem alto o escudo e começar a defender o que é necessário defender. Na esperança que se consiga ultrapassar mais uma batalha e, embora por vezes as forças não estejam equilibradas (quase nunca) temos de suar, e não dar espaço ao cansaço, ao medo, não permitir que logo no primeiro embate saíamos derrotados. Temos de arranjar forças onde por vezes (quase nunca) elas existem.
Devido à efemeridade das coisas, por vezes sente-se um vazio, porque o que tínhamos de bom para guardar já não existe, em vez de isso só temos as recordações, as memórias, as palavras que continuam a ecoar dentro de nós, os cheiros, o toque. Mas render-nos às memórias é como ficar preso no passado, é como cair num banco de areia movediça do qual não conseguimos sair e quanto mais nos queremos libertar mais presos vamos ficando...portanto até as recordações são de certa forma a nossa prisão.
Não pode ser, temos de avançar, temos de ser fortes, de querer ficar melhor. Olhamos em frente e ali está ele o campo de batalha, com minas, inimigos aos milhares todos eles à espera de nos trespassarem as com as suas armas bem afiadas, não temos nenhum sítio para nos escondermos. Só temos a nossa pele, a fiel espada e o escudo. Será suficiente? Não sabemos.
Mas depois disto tudo e vamos supor que se vence essa batalha, ficamos com a sensação de vitória até quando pergunto eu? Sabendo que essa sensação mais cedo ou mais tarde, vai dar lugar a uma angústia que nos persegue porque simplesmente não há um fim, um propósito, um objectivo. E volta tudo ao mesmo, recordações da última batalha, novas feridas, feridas antigas que ainda não sararam e as cicatrizes que nos vão acompanhar para todo o sempre de feridas que fecharam que nos fazem lembrar sempre do que aconteceu.
Até ao dia...até ao dia em que não aguentamos mais, em que dizemos que isto não é a nossa vontade, que não é assim que estamos dispostos a viver. Se nem das memórias nos podemos socorrer porque nos prendem, se estamos sozinhos numa luta inglória, se acima de tudo a nossa coragem se desvaneceu e se o medo tomou conta de nós, aí deixamos cair as nossas proteções.
Ficamos de joelhos, desarmados, em pleno campo de guerra e desejamos que o inimigo nos trespasse o mais rápido possível, para que tudo aquilo que sentimos seja agora substituido pela sensação de uma lâminada aguçada e comprida a trespassar-nos e aí num último sopro de vida dizem que revemos tudo o que nos aconteceu, que em segundos revemos toda a nossa vida a passar pelos nossos olhos, as pessoas, os momentos, os encontros, os cheiros...depois fechamos os olhos para uma escuridão. Nesse último suspiro pode-se então perguntar: Valeu a pena?

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu acho que te andas a perder a fazer o que fazes. Tens jeito para a escrita embora continuamente a demonstres com um discurso triste e por vezes dilacerante... mas se é o que sentes não há muito a fazer... só aguardar que o tempo vá curando as feridas, apaziguando o espírito e em breve tudo passa. O que doía passa a recordação e ensinamento e segue-se em frente!
Um pequeno pormenor a ter em mente nos próximos tempos e toma este conselho como sendo uma nota mental - Não tenhas x-actos, facas ou outros objectos cortantes por perto nos próximos tempos.
Acho que tenho a música perfeita para esta tua nova luta:

http://www.youtube.com/watch?v=JRfuAukYTKg&ob=av2e

É assim que tens de ser :)
Beijos (YWTK)