31 de jan. de 2013

Lembro-me

de quando era puto, tínhamos um jogo lá no bairro que se chamava: Jogar à parede.

Era um jogo simples, precisávamos apenas de uma bola,  dois ou mais putos para estarmos ali entretidos durante horas a mandar a bola à parede. Era fácil.

Só podíamos tocar uma vez na bola, tínhamos que chutá-la para um local previamente definido numa zona da parede, tínhamos que chutar a bola no sítio onde ela fosse parar, só podíamos usar a cabeça e os pés, só podíamos dar um toque.

Quem desse mais de um toque na bola era eliminado, quem jogasse a bola sem ser com os pés ou cabeça era eliminado, quem ao chutar a bola não acertasse naquela zona da parede era eliminado.

No final sobravam dois (o que era uma espécie de final), o primeiro a falhar era eliminado e estava encontrado o vencedor. De tão simples e rápido que era, passávamos horas, tardes inteiras a jogar àquilo.

Sempre a tentar antecipar o local onde a bola ia calhar após ser chutada contra a parede, tentávamos não nos atrapalhar uns aos outros, às vezes (os mais técnicos) conseguiam escolher o ponto exacto da parede em que a bola ao fazer ricochete ia quase sempre para os sítios mais inacessíveis dificultando em muito a vida ao puto a seguir.

Não tínhamos mais nada, não pc´s, nem tlm´s. Só precisávamos daquilo, de uma bola, uma parede e de companhia para jogar.

E a única certeza que tínhamos era a de que a bola era sempre, mas sempre devolvida pela parede.

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