14 de mai. de 2012

2012

Ainda me lembro da passagem de ano, divertida como é costume, com os amigos, como se quer, um excelente ambiente que ajuda sempre e quando chegaram as 12 badaladas foi o deixar para trás as agruras de 2011, os sonhos por cumprir, os maus momentos, as pedras nos sapatos. Temos essa necessidade, de festejar a passagem de ano e dessa formar marcarmos inconscientemente ou não, um novo começo.

Como um reset a um computador que está ligado durante 365 dias por ano e chega aquele momento em que para continuar a trabalhar temos de o desligar e voltar a ligar para que volte a funcionar da forma que queremos. Sabemos que depois desse reset o computador volta a trabalhar ao máximo da sua capacidade e que com sorte só vai precisar de outro reset daí a mais um ano e na nossa vida a passagem de ano, de certa forma assume os mesmos contornos.

Começamos tudo (ou quase tudo) de novo, fazemos novas promessas, apagamos as que não conseguimos cumprir, marcamos novos objectivos, novas metas, aspiramos a coisas melhores, pedimos que se não der para a vida melhorar ao menos que não piore e assim já conseguimos sobreviver durante mais um ano. Nessa noite, jogamos as fichas todas, fazemos um all-in, apostamos forte nesta corrida que é a vida, fechamos os olhos com toda a força e não nos deixamos perturbar com coisas más, não queremos isso, libertamos todos os sonhos (ou quase todos) que fazem parte de nós, damos asas às nossas crenças e pedimos ao nosso deus (seja ele qual for) que nos ajude em todos esses desejos que pedimos durante os segundos do novo ano.

É o novo ano caralho! É agora que mais uma vez temos a possibilidade de recomeçar do zero. Temos mais 365 dias e é desta, é desta que vamos conseguir, se nos outros anos não deu, é porque tivemos azar, é porque não estávamos no sítio certo à hora certa, é porque não conhecíamos as pessoas que conhecemos agora, é porque fomos para a esquerda e devíamos de ter ido para a direita, neste novo ano já não nos enganam. Neste ano já vai dar, neste ano já não vamos ter azar e vamos puxar por toda a sorte do mundo, este ano é que já conhecemos as pessoas certas, já sabemos que não nos vamos enganar no caminho a escolher, agora ninguém nos pára. Somos e sentimo-nos imbatíveis e não há, nem vai haver nada durante este ano que nos vá derrubar.

Mas há.

E como há...os desejos que pedimos vão desaparecendo por entre as nossas mãos e algumas vezes já nem nos lembramos dos ditos, somos absorvidos por tudo e mais alguma coisa, somos derrubados, mastigados pelas rodas dentadas que fazem parte deste mecanismo diário de acontecimentos. A pouco e pouco vamos perdendo o fulgor, os sonhos, as promessas, os objectivos até ficarmos reduzidos a pouco muito pouco daquilo que tínhamos pedido no início do ano.

Então chegamos ao ponto em que dizemos que desde que não piore já não é mau, mas piora e quando pensamos que já chegámos ao fim do penhasco, quando pensamos avistar solo firme para pisar novamente e começar de novo a nossa subida, depressa nos apercebemos que afinal não, que vamos continuar a cair sem sabermos em que ponto é que vamos parar. Então mas já não tínhamos aprendido tudo com os erros dos anos anteriores? Não era desta que íamos fazer as coisas pelas certa? Fodasse, então não era este o ano em que mudávamos a nossa vida? Como? Porquê?

2012, foi a ti que eu coloquei os meus desejos, deixei-me ir na tua cantiga de embalar, fui sincero contigo, honesto, não te pedi muito e tu sabes que não. Comi as passas e eu nem gosto daquela merda (é por isso?), abracei-te como se abraça um Amigo de longa data que reaparece de novo na nossa vida, pedi-te com a voz mais doce que consegui os meus desejos. 12. Nem mais nem menos, é a conta certa como sempre me ensinaram.

Isto tudo para te dizer que até hoje ficarás na história como o pior ano de sempre da minha vida. Eu sei que virão piores, tenho a certeza absoluta que sim, porque infelizmente na minha vida tenho muito mais a perder do que a ganhar e o meu medo é esse. Perder o que tenho, não é muito nem pouco, mas é somente o que tenho.

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