uma vida de merda, mas alguém tem de vivê-la.
23 de dez. de 2013
21 de dez. de 2013
É isto
http://sethadamsmith.com/2013/11/02/marriage-isnt-for-you/
17 de dez. de 2013
Se calhar
ainda há a possibilidade de correr alguma coisa bem. Mas calma, vai com calma, já sabes a mecânica deste jogo, sabes que um passo em falso pode deitar tudo a perder. Não esquecer, um dia de cada vez, se tiveres muita pressa vai haver um momento em que vais tropeçar e perdes a corrida. Calma... respira...
15 de dez. de 2013
28 de nov. de 2013
21 de nov. de 2013
20 de nov. de 2013
17 de nov. de 2013
3 de nov. de 2013
31 de out. de 2013
29 de out. de 2013
27 de out. de 2013
25 de out. de 2013
14 de out. de 2013
10 de out. de 2013
26 de set. de 2013
20 de set. de 2013
16 de set. de 2013
12 de set. de 2013
9 de set. de 2013
5 de set. de 2013
14 de ago. de 2013
9 de ago. de 2013
8 de ago. de 2013
5 de ago. de 2013
2 de ago. de 2013
31 de jul. de 2013
26 de jun. de 2013
25 de jun. de 2013
Roubado
“Há um tempo para amar e outro para ser amado, da mesma
maneira que há um tempo para falar de amor e outro para dizer que se
ama. Tudo acontece numa sequência natural traçada pela própria vida.
Tudo conspira entre si para que o amor faça parte dessa mesma vida.
Apenas o medo faz com que as pessoas prefiram ser amadas do que amar,
assim como falar de amor do que dizer que amam. São poucas as que falam
uma linguagem diferente desta. Para a maior parte, falar de afectos é
como revelar um segredo de si mesmas. É exporem-se sem volta possível. É
falarem do que de mais frágil as identifica. Felizmente para outras,
falar de amor é uma consequência natural de não terem medo de poder vir a
amar. É dizerem que amar e ser amado é melhor do que só ser amado. É
acreditarem que sem amor nada faz sentido, nem mesmo a ausência do
próprio amor. É ousarem falar de amor mesmo sem nunca se terem
apaixonado.”
José Micard Teixeira
13 de jun. de 2013
This is a fucked up world
Eu acredito na compensação. No amor principalmente, acredito. Se o meu amor, que é só meu me fizer algo de bom, acredito que deva ser compensado. Se calhar, compensado não é a palavra certa. Mas colocando as coisas desta forma: se me fizer uma surpresa, um mimo, um carinho, uma atenção eu quase que me sinto na obrigação de retribuir. Mas é uma obrigação boa, sinto que sou obrigado a retribuir, mas faço-o com todo o gosto e amor que consigo. É algo inato em mim, um processo que é despoletado automaticamente. Um processo racional, proveniente de um sentimento irracional.
Depois há o reverso da medalha. Se me tratar mal, se for injusto, intolerante eu faço o mesmo. Por palavras simpáticas, retribuo o favor, pago na mesma moeda. Usando o termo certo: vingo-me.
Poderão dizer que não é a forma correcta de resolver as coisas, assumo, não é. Da mesma forma que não é correcto fazer algo de menos bom a quem amamos. Acção reacção, digo eu, ser infantil dirão outros.
Mas pergunto eu. Se quem acha que no amor não deve de haver a tal compensação, a tal retribuição quando o nosso amor nos fez algo de bom (por exemplo, ele fez porque quis, gostei muito, teve um gesto lindo. Mas só o fez porque quis e eu não lhe pedi nada, como tal não me sinto na obrigação de retribuir. Só porque o meu amor me fez uma coisa boa não sou obrigado a fazer algo.), então nesse caso terá moral para pagar na mesma moeda, quando o nosso amor nos fez algo de errado?
Que moral haverá, para poder apontar o dedo? Corrigir? Criticar? Se há essa moral, então isso quer dizer que, o bem e o fazer bem são tidos como certos e se algo de errado for feito aí temos toda a legitimidade para criticar?
Não acho que haja esse direito, não considero que seja justo.
Quem não retribui quando algo de bom é feito, também não tem, não pode, não deve criticar, quando algo de mau acontece. Mas este é o mundo em que vivemos, todo fodido, todo trocado.
29 de mai. de 2013
28 de mai. de 2013
Disse-me
"...perde-se a magia..." e eu fui obrigado a concordar. Há coisas que queremos que sejam só nossas, que mais ninguém possa usufruir delas e quando descobrimos que há mais alguém a desfrutar desses pequenos gestos ou palavras, há algo que muda cá dentro. Os gestos já não parecem tão genuínos, as palavras já não têm o mesmo impacto, não conseguimos voltar a sentir a tal magia que se perdeu. E queríamos tanto que essa magia fosse única, que fosse só nossa, mas já não é.
22 de mai. de 2013
15 de mai. de 2013
13 de mai. de 2013
11 de mai. de 2013
9 de mai. de 2013
E depois?
depois vem a vida, prega-te um estaladão de todo o tamanho, dás por ti encostado a um canto sem te conseguires mexer, como um boxeur que acabou de ficar ko e nem a contagem do árbitro consegue ouvir. Nem sequer tens hipótese de reagir, num momento estás de pé a pensar que vais conseguir passar mais um round, que vais sair vitorioso, que vais poder levantar os braços e festejar, que apesar das dificuldades conseguiste ultrapassar mais esta prova... mas num milésimo de segundo, tal como a velocidade de uma bala és atingido em cheio, naquele ponto que te desliga, naquele ponto em que todo o teu corpo faz um shutdown, onde há a junção do maxilar. Esse ponto é crítico, e um murro bem assente nesse ponto, sabes que não tens a mínima possibilidade de reacção, não sentes dor, nem medo. A única coisa que sentes são as tuas pernas a falhar, sem forças, os teus braços desistem de proteger a cara, em menos de um segundo estás no chão indefeso, inerte, frágil. Um golpe, só isso. Sabes que a única coisa que te pode salvar é conseguires levantar-te antes do árbitro chegar aos dez... e nada continua a fazer sentido, com os olhos fechados, punhos cerrados e com todo o teu corpo a tremer de tão frágil que está, tentas reunir forças sem saber bem como, a contagem continua, dez, nove, oito...ainda não te mexeste, continuas a tentar recuperar o fôlego, sete, seis... tu consegues dizes a ti próprio, um joelho sai do chão, os braços tentam erguer o teu corpo, consegues erguer o tronco, cinco, quatro,três... apoias as duas mãos sobre o joelho que já saiu do chão, soltas um grito parecido com o de um animal selvagem, tu consegues... dois, um... segundo joelho, sentes agora o teu corpo a erguer-se lentamente, zero...
Olhar desesperado, procuras o sinal do árbitro para continuar, não sabes se conseguiste levantar-te a tempo.
Conseguiste... venha o próximo round, ding, ding...
7 de mai. de 2013
Sem aviso
3 de mai. de 2013
1 de mai. de 2013
30 de abr. de 2013
29 de abr. de 2013
Tudo
Sentado, em pé, deitado, a bufar de impaciente...a olhar para o relógio, a contar os segundos, minutos, horas que custam a passar.
É isto.
17 de abr. de 2013
15 de abr. de 2013
13 de abr. de 2013
Diz
Assim sendo, beijem, muito, sem parar, não respirem, não parem, percam-se em beijos intermináveis, chochos, linguados, sugados, secos, molhados, sofregos, apaixonados, quentes...e mais quantos se consigam lembrar.
Beijem até vos doer os maxilares, até os lábios ficarem dormentes, até não aguentarem mais e depois? depois continuem...
Beijos.
12 de abr. de 2013
10 de abr. de 2013
6 de abr. de 2013
25 de mar. de 2013
24 de mar. de 2013
23 de mar. de 2013
22 de mar. de 2013
21 de mar. de 2013
Cronologia
No final de 2011, terminou uma relação que há muito não tinha futuro. Consegui dizer cara a cara: já não te amo. Foi horrível. Precisei de muita coragem para que não restasse qualquer tipo de dúvida. Tentei da melhor forma explicar o que é deixar de amar.
No último dia de 2011 estourei um joelho, entre consultas, médicos, operações, baixas, dores, foi também muito mau. Foram quase oito meses nisto.
Em janeiro de 2012, apaixono-me por quem não devo. Já existia algo, mas sempre pensei que fosse impossível. Vivo em sonhos que não são meus, acredito no que não devo, partilho segredos, entrego tudo como sempre. Não o sei fazer de outra forma. Tenho duas semanas entre o céu e o inferno. O inferno ganha. Perco alguém que pensava que era para sempre.
Maio de 2012, sinto que volto a ser eu, encontro-me, já não me sinto perdido, volto a sorrir, não quero mais nada a não ser a minha felicidade. Alguém entra na minha vida de uma forma completamente inesperada, sem medo.
Penso que é desta, como no poker faço mais uma vez all-in, não tenho medo, olho para ela e tudo me diz que vai ser para sempre e, muito importante o mesmo me é dito por ela. Sem segredos caminhamos um às cavalitas do outro. Alternamos, estamos sempre lá. Um para o outro.
Agradece-se ao universo por tudo o que temos, pedem-se mais umas coisas e lá vamos nós, ao lado um do outro sempre. Dispostos a aturar toda e qualquer merda que nos apareça pelo caminho.
Com os seus altos e baixos o amor continua, tenta-se melhorar, agradar, compreender, ajustar. Porque é suposto ser assim não é?
Final de 2012, sinto que ela foge de mim, tento apertá-la o mais que consigo para que não se afaste, mas mesmo com todas as forças sinto que me escapa por entre os dedos. Fico perdido, com medo. Que mais há a fazer?
Já não somos um nós, as juras amor estão lá, o sentimento também, mas há algo de estranho, algo que não se explica mas que se sente. Pede-se calma, compreensão, razão, segurança, firmeza. Tenta-se dar o melhor que se pode e se consegue esperando que seja o suficiente para que a deixe de sentir a escapar-me pelos dedos.
Dizem-me que vou ser o último. E acredito.
Março 2013 encontro dois irmãos, perguntam-me se sou feliz, ao que respondo: sim sou, podem não me dar mais nada, mas não me tirem o que tenho.
Março 2013, o que seria para sempre já não o é. Pouco há a falar, eu digo que a amo, que estarei sempre lá. Ela responde: e eu a ti. Mas sai. As duvidas vão ficar para sempre, como é que se ama uma pessoa para depois não a querer na nossa vida?
Racionalizo o mais que posso e se calhar o que faltou foi a coragem para me dizer que já não me ama, que apesar de tudo o sentimento já não existe. É preciso coragem para partir o coração de alguém e acho que não a houve.
Março 2013, novamente o joelho em cacos e vão ser mais uns meses entre médicos, consultas, operações, baixas, falta de dinheiro, tudo outra vez.
A minha vida é isto, ciclos que por muito que tente não os consigo quebrar, são fortes, estão enraizados. Dizem para ter calma, dia a dia, não ser negativo, nem derrotista. Eu tento, juro que tento. Mas é fodido.
20 de mar. de 2013
19 de mar. de 2013
18 de mar. de 2013
Posso
não receber mais nada, mas não me tirem o que tenho.
Esta maravilhosa frase foi dita por mim no passado dia 01/03/2013. E houve uma razão muito forte para que a tenha dito. Nessa noite eu fui provavelmente dos homens mais felizes e completos à face da terra.
Não estou a exagerar, naquele momento eu senti que quase tudo o que queria na vida por ali, ia estar, até ao fim. Nesse dia reencontrei dois amigos (irmãos) que por merdas da vida tinham deixado de fazer parte da minha há já muito tempo, tempo demais diria. E sem pensar disse-o, sem medo, olhei o futuro olhos nos olhos e disse-o.
Não pensei em represálias, não pensei de como a vida é mesmo uma filha da puta, não me lembrei dos azares, merdas e merdinhas que constantemente se atravessam no meu caminho, pensei que estava numa posição em que podia dizer o que disse. Não me lembrei que somos frágeis, que esta merda às vezes parece que andam a brincar connosco e que não passamos de um grão de areia no deserto.
Não me lembrei de como quando recebo uma coisa boa, normalmente vêm várias más umas atrás das outras, não me lembrei que por vezes sou demasiado ingénuo no que toca a lidar com as coisas boas que me aparecem na vida. A verdade é que não me deram mais nada, mas algo de mim foi retirado. Não sabia, nunca sabemos aliás, porque nesta merda de vida tanto o bom como o mau podem acontecer em segundos.
12 de mar. de 2013
10 de mar. de 2013
The Sessions
- She didn't seem to.
- Sometimes people can be very shy about their emotions.
- Well, in case, she didn't get it the first time I told her again that I was in love with her and I wanted to marry her.
- Thinking it might swing things. Did it?
- Yeah. She left.
- I wish I knew what to say to you.Welcome to the human race. Every day, somebody breaks somebody else's heart.
8 de mar. de 2013
7 de mar. de 2013
4 de mar. de 2013
1 de mar. de 2013
17 de fev. de 2013
14 de fev. de 2013
IMPORTANTE
http://abertoatedemadrugada.com/2013/02/world-failurists-congress.html
e já depois isto:
https://www.facebook.com/WorldFailurists?ref=ts&fref=ts
Obrigado.
É mais ou menos isto
O problema do amor é ter deixado a língua cá dentro. De a ter retraído com o passar do tempo. De a ter cativa na sua boca. O amor, esse que nos encosta à parede e nos apressa os compassos cardiovasculares e nos tira a roupa e nos desmancha a cama e nos faz não atender o telefone – porque é que nos ligam sempre a estas horas? –, esse amor de que agora falo, que nos faz sentir vontade de chegarmos a casa mais cedo e mandarmos uma SMS a dizer que estamos inquietos no trabalho só de pensar que daqui a pouco estaremos juntos – e vamos estar juntos – e telefonar só para ouvir a voz do outro, e mandar uma tosta mista para o emprego dela com um papel a dizer “Toma, é para ti!”, esse amor precisa de língua! E, por isso mesmo, nunca se poderá celebrar com um chochinho!
Fernando Alvim"
12 de fev. de 2013
11 de fev. de 2013
6 de fev. de 2013
5 de fev. de 2013
1 de fev. de 2013
No filme
Quem diria, que num filme tão banal e com tantos remakes já feitos, num filme que não é mesmo nada de especial haja uma frase tão importante e forte como esta:
"with great power comes great responsibility"
Quando se está numa relação, temos um poder enorme. Por vezes nem nos apercebemos e chegamos passar a relação inteira sem perceber a força desse poder que obriga a uma grande responsabilidade.
Quando estamos com alguém, numa relação que se quer com futuro, numa relação que queremos que vá crescendo, forte, sólida, boa, feliz, temos o poder e a responsabilidade de sobre os nossos ombros estar em parte a felicidade da outra pessoa.
Podemos até achar, que não devemos de ter essa responsabilidade ou esse poder. Mas a partir do momento em que estamos com alguém, não vejo forma de reduzir ou de fugir a esse facto.
Passamos a ter (em parte, ok) o poder de fazer alguém feliz ou infeliz. Podemos por simples palavras, gestos fazer com que o dia de alguém seja melhor ou pior. Temos a responsabilidade de querer e de fazer com que essa pessoa sinta e saiba, que não vamos fugir dela. Nem da pessoa, nem da responsabilidade.
E não esquecer nunca, que não devemos abusar desse poder.
É um poder tão grande...
31 de jan. de 2013
Lembro-me
Era um jogo simples, precisávamos apenas de uma bola, dois ou mais putos para estarmos ali entretidos durante horas a mandar a bola à parede. Era fácil.
Só podíamos tocar uma vez na bola, tínhamos que chutá-la para um local previamente definido numa zona da parede, tínhamos que chutar a bola no sítio onde ela fosse parar, só podíamos usar a cabeça e os pés, só podíamos dar um toque.
Quem desse mais de um toque na bola era eliminado, quem jogasse a bola sem ser com os pés ou cabeça era eliminado, quem ao chutar a bola não acertasse naquela zona da parede era eliminado.
No final sobravam dois (o que era uma espécie de final), o primeiro a falhar era eliminado e estava encontrado o vencedor. De tão simples e rápido que era, passávamos horas, tardes inteiras a jogar àquilo.
Sempre a tentar antecipar o local onde a bola ia calhar após ser chutada contra a parede, tentávamos não nos atrapalhar uns aos outros, às vezes (os mais técnicos) conseguiam escolher o ponto exacto da parede em que a bola ao fazer ricochete ia quase sempre para os sítios mais inacessíveis dificultando em muito a vida ao puto a seguir.
Não tínhamos mais nada, não pc´s, nem tlm´s. Só precisávamos daquilo, de uma bola, uma parede e de companhia para jogar.
E a única certeza que tínhamos era a de que a bola era sempre, mas sempre devolvida pela parede.
30 de jan. de 2013
Verdade
Há pessoas que preferem o trabalho às relações.
Há pessoas que preferem as relações ao trabalho.
Conversas parvas que fazem rir e muito
- Nice
- Veneza
- Porquê?
- É mais bonito.
- Já foste a Veneza?
- Não
- E a Nice?
- Também não, mas vi fotos.
- De Nice?
- Veneza
28 de jan. de 2013
25 de jan. de 2013
Quem vier atrás que feche a porta
24 de jan. de 2013
Ouvi
agora que a média de anos de vida de um fumador são menos dez anos. Vou passar para dois maços por dia.
18 de jan. de 2013
De uma série
"We may only be together five minutes every two months,but hey,when we do, We will savor every second.Because we both know How valuable those five minutes are.
Do you love me?
More than I can hold in my heart.
You're sure about that?
I am completely sure of that.
Do you want to spend the rest of your life with me, even if it is only in... 5-minute increments every two months?
I do.
"
Greys Anatomy - shiuuuu
14 de jan. de 2013
"Estou aqui"
Dizer "estou aqui" envolve muito mais que uma presença física. Não basta saber que a pessoa está ali ao lado, porque se assim fosse qualquer, manequim serviria para o efeito. Quem diz manequim, pode dizer um calhau, um peluche, um vibrador, qualquer material inerte seria suficiente para estar lá.
Para se dizer "estou aqui", quem o diz tem de querer mesmo estar lá, de corpo obviamente mas também de espírito. Focar os seus sentimentos para com a pessoa que está ali ao seu lado, concentrar-se nela, fazer com que ela sinta que é mesmo ali que se quer estar. Porque caso contrário estamos a enganar quem está ali connosco, porque fazemos apenas figura de corpo presente e de facto preferíamos estar noutro local.
De que serve alguém dizer que está ali quando na sua cabeça apenas se imaginam cenários nos quais não se encontram e apenas se focam noutros assuntos e ou pessoas, em vez do que realmente está a acontecer naquele momento?
É errado dizer "estou aqui" quando essa pessoa sabe que não vai estar, que não esteve lá e que possivelmente nunca vai estar, porque não se permite a tal. E basicamente tudo se resume a algo muito simples, ou se quer, ou não se quer.
Esta
Ele ia trabalhar, e lá ficava eu entretido com um mundo inteiro de cassetes vhs, chocolates, televisão, música, mais milhentas coisas para me entreter durante aquelas horas em que estava sozinho. Os filmes via-os vezes e vezes seguidas, já tinha alguns preferidos que era quase obrigatório revê-los fim de semana após fim de semana.
Foram anos e anos assim, só eu. Lembro-me do dia em que por curiosidade e claro aborrecimento, dei por mim a cuscar todas as gavetas do móvel da sala, uma atrás da outra lá andava eu à procura de algo que não sabia bem o que era (mais ou menos como ando hoje em dia), incansável lá continuava eu na minha demanda. Cabos, rádios, cassetes, cd´s, mais cassetes...gavetas cheias de lixo que o meu pai teimava em guardar porque "podia fazer falta".
Lembro-me de olhar para a capa de um CD, lembro-me da capa e nome me chamarem a atenção. Coloquei o CD na aparelhagem e descobri finalmente o que não sabia que andava à procura, música atrás de música, ritmos, batidas, guitarras, vozes e mais tarde (já percebia algumas coisas, mas não era nenhum génio do inglês) as letras.
Foi um dos poucos amores à primeira vista que tive na minha vida. Dizem que não existe amor à primeira vista, que é impossível sentirmos de imediato algo que nos leve a crer que desejamos algo para o resto da vida. Eu já tive o meu primeiro amor à primeira vista.
São estes Senhores...
Demasiado simples
...da deterioração do Amor
Por princípio, poderia ser considerado um amigo nerd e insuportável, mas não é. É alguém que eu adoro visitar de vez em quando para ter daquelas conversas, sempre regadas com algum uísque, que se estendem pela noite dentro. Também gosto de o receber, e se me conseguir esquecer que ele sabe exactamente quantos degraus precisa de subir para chegar a minha casa, conseguimos ter conversas normais.
Noutro dia fui eu visitá-lo, e depois dele me dizer quantas vezes em média eu limpo os sapatos no tapete da entrada, sentámo-nos e ele serviu-me o primeiro de seis copos de uísque Bushmills (segundo ele, é essa a média de uísques que bebemos por cada noite destas). A partir daí, ficámos na conversa até às cinco da manhã e, suponho eu, ultrapassámos em muito a média do álcool ingerido. Todas as nossas conversas são, pelo menos a meu ver, interessantes precisamente por isso. Eu falo das coisas numa perspectiva sempre mais solta, ele sempre preso à sua lógica sequencial ou estatística.
A ele, durante estes mais de dez anos em que nos tornámos amigos, só lhe conheci uma namorada. Ele gostava tanto dela que passou a comprar cadernos de capa dura para registar tudo o que considerava importante, penso eu que para que esses registos durassem mais. Um dia a namorada nunca mais apareceu e ele nunca me explicou porquê. Abanava os ombros cada vez que eu lhe perguntava e rapidamente mudava de assunto.
Dei o primeiro gole e ele perguntou-me porque é que eu estava triste. Abanei os ombros e disse-lhe que a minha namorada me tinha dito que precisava de algum tempo para pensar na nossa relação e que, acabada de chegar de férias, nem sequer ainda me tinha vindo ver. Disse-lhe que o mais horrível de tudo era esta urgência que eu tinha de estar com ela e que ela, nitidamente, não tinha de estar comigo. Olhei-o de frente e ele sorriu, como se me percebesse e finalmente, com esse olhar, me estivesse a explicar o que lhe tinha acontecido a ele.
Vi-o levantar-se e voltar com um desse caderninhos de capa dura dos tempos em que tinha namorada. Na capa, com uma esferográfica azul, tinha escrito "...da deterioração do Amor". Abriu-o com muita calma e explicou-me que entre o princípio e o fim da sua relação, o número de beijos que a namorada lhe dava por sua iniciativa desceu de vinte e dois por dia para apenas três, o número de vezes que ela lhe dava a mão na rua desceu de cem por cento para apenas dois por cento. Olhou-me nos olhos para tentar perceber a minha reacção, mas eu ouvia-o impávido e sereno, sem esboçar fosse o que fosse. Por fim, disse ele, o número de vezes que tinham sexo desceu de seis vezes por semana para uma vez de duas em duas semanas.
Bebi tudo o que restava no meu copo de uísque e eu próprio me servi de outro, sem o servir a ele porque ainda tinha o copo cheio. Perguntei-lhe se tinha sido ele a acabar com ele ou se tinha sido ela, só para ver se ele, finalmente, abria um pouco o véu que cobria o fim da sua relação. Abanou os ombros e respondeu-me que, desde então, abana os ombros cerca de três vezes por dia, ou seja, sempre que alguém lhe fala de Amor.