Tu

É que me fizeste assim. É normal, não costumas perdoar, não tens compaixão, não queres saber das consequências. Apenas ages. Fazes aquilo que achas que tem de ser feito e o que advier daí alguém que trate porque o problema já não é teu. Aliás nunca foi, nunca tiveste nenhum problema, sempre tudo te correu bem, as preocupações passam por ti lá bem longe, tão longe que mesmo que quisesses sequer reparar nelas nem ias conseguir. Tu é que sempre me levaste ao chão, tiraste-me as forças quando mais precisava delas, arrancaste o coração do meu peito quando pensei que o que tinha seria algo bom e para sempre. De bom, nada ou quase nada me deste. Nem sequer tens coragem de me olhar olhos nos olhos. Tu és uma cobarde, invejosa, mentirosa, manipuladora. És tudo isso e muito mais. Fizeste com que perdesse a pouca inocência que tinha em mim, por tua causa deixei de sonhar, de querer mais, estou farto de ti. Só te preocupas com o teu umbigo e nem sequer te importas como isto vai terminar e se vou ficar bem ou mal. Pedia-te para me deixares em paz, sem te intrometeres, mas já sei que não o vais fazer e o mais certo será que continues a tua senda de destruição e ruína, vais continuar a fazer o que tens feito desde sempre. As cicatrizes ainda cá estão, umas saradas, outras nem por isso e tu continuas com os punhais apontados na minha direção sem hesitares por um segundo em cravejar todos eles na minha pele e quando esses terminarem irás como sempre arranjar uma alternativa para continuares a fazer o que tens feito, és insaciável e por isso levas-me contigo para um caminho que não quero seguir, que não escolhi para mim. Mas já percebi que não tenho a mínima hipótese, que és e serás sempre tu a decidir o que vai acontecer e eu mero espectador assisto sem nada poder fazer. Estou assim por tua causa, sem esperança, sem brilho, sem nada, tenho só este vazio mas até isso queres tirar de mim, como se isso fosse possível. Se for, então leva-o é todo teu, desisto, não te ofereço mais resistência não consigo mais.

Sim tu...Vida.