3 de dez. de 2012

Verdade

Na minha humilde opinião e dos poucos anos que tenho disto e que por muitos que sejam nunca irão ser suficientes é que:

Não podemos, não devemos, nunca mas nunca tomar algo como garantido, nunca.

Já tive trabalhos, ordenados, amigos, namoradas, carros e sei lá mais o quê como garantidos, mas a verdade é que a partir do momento em que tomamos algo como garantido, somos lembrados,  infelizmente que afinal o garantido passa ou desaparece como quase tudo o que vamos tendo na vida.

Quando pensamos que algo está de facto garantido nas nossas vidas, vem o desleixo, a despreocupação, o está tudo bem, o isso depois vê-se. Porque como está garantido, já não focamos a atenção devida, estupidamente partimos do princípio que vai estar ali para sempre, já não é precisa tanta atenção, nem precisamos de perder tanto tempo. Sim, perder tempo é o termo correcto.

Como está garantido já não é um privilégio, nem uma sorte, nem um investimento, como está garantido é uma perca de tempo ter de ir ou com o carro à revisão, ou ir beber café com um amigo, ou chegar a horas ao trabalho, ou dar o máximo de nós à cara metade.

Porque como está garantido, podíamos estar a fazer outras coisas que, essas sim, precisam realmente da nossa total e completa atenção. Temos a certeza que depois de terminar o  que estamos a fazer o garantido vai estar ali e sempre ali como um cão fiel ao seu dono. Mas depois pode chegar o dia em que somos obrigados a perguntar: onde estás?

11 comentários:

Frederico disse...

A minha opinião é que com o passar do tempo vamos desinvestindo na relação (de amizade, de amor, de trabalho...). Por vezes deveríamos agir como se tivéssemos naquela fase inicial do efeito surpresa. O ideial seria agir como se fosse a primeira semana com a pessoa. Mas tudo se resumo a gestos já que uma relação não é um jogo de palavras, de retórica.

Frederico disse...

Já compraste a minha prenda de Natal (gesto)???

A. disse...

Então este natal não era só o calor humano?

Mam'Zelle Moustache disse...

É verdade, sim... O importante é termos consciência disso mesmo, aprendermos com os "erros" e investirmos sempre. Sempre que sentimos que vale a pena. Porque, quando se gosta mesmo (de uma pessoa, de um amigo, de um trabalho), nunca se deveria sentir que já não vale a pena investir. Digo eu, que estou desempregada e, do resto, nem falo...

A. disse...

E quando se sente que já não vale a pena....

Mam'Zelle Moustache disse...

Bem, colocaste reticências, por isso mesmo não é uma pergunta. Mas vou acrescentar algo na mesma. Se entendi bem, este caso é completamente diferente. Quando se gosta e se sente que já não vale a pena é outra história. Se não vale a pena, é porque a outra pessoa não sente o mesmo. Acredito que, por mais que uma pessoa goste de outra não a pode "obrigar" a gostar também. É um erro insistir. A pessoa que gosta e não é correspondida sofre, com toda a certeza. Mas, acredita, a pessoa que não consegue corresponder sofre muito mais...
Se não te estavas a referir a isso, esquece esta lengalenga, ok? :)

S.o.l. disse...

Talvez se parta para outra e se tente não cometer o mesmo erro... não sei.

Me disse...

Há quem tome os outros e as coisas por garantidos; e depois há quem se deixe tomar por garantido. Prego de dois bicos. O equilíbrio é difícil.
Chegar à conclusão que não vale a pena... mas em relação ao quê? A não permitir que nos tomem por garantidos ou nao tomar os outros por garantidos? Ou ambos?

A. disse...

@Mam': se se sente que já não vale a pena então é burrice uma pessoa insistir. A pessoa que não consegue corresponder sofre muito mais...há forma de quantificar tal coisa?

@S.o.l.: Partir para outra, talvez sim, mas não se trata de cometer um erro (acho eu) porque é como disse a Mam' não podemos "obrigar" algo.

@Me: Como é que é possível alguém deixar-se tomar por garantido?
Se se toma algo como garantido, sente-se que já não vale a pena investir porque está ali é garantido.

Me disse...

Uma pessoa pode deixar-se tomar por garantida garantindo a outra que o é - seja através de actos, palavras... Há quem o faça e muito. Assegura-se a outra pessoa de que seja lá o que for que faça, nada a fará ir-se embora.
E não vejo a questão do "não investir" assim tão relacionada com a questão da "garantia". Só investimos em algo ou alguém quando temos mede que nos escape, que nos falhe? Só investimos quando vivemos numa espécie de clima de medo contínuo que nos obriga a lutar por tudo e por nada? O amor não devia dar assim tanto trabalho... Digo eu. E se for exactamente a tal "garantia" que permite que se invista sequer? Investirias em alguém em relação à qual não sentisses algum tipo de garantia? Ou achas que alguém investiria em ti se não sentisse o mesmo da tua parte?
Uma coisa é ir mantendo a proverbial chama acesa em nome de uma relação saudável; outra é mantê-la assim por medo de se ficar à escuras (quando não se sente a tal "garantia").
Não podemos confundir segurança com garantia. Esta, a última, é perigosa e faz com que se testem limites que não deviam ser testados. A segurança? Não. Expande limites e derruba barreiras.
Digo eu, claro...

A. disse...

Percebido, só não concordo muito com a parte em que o amor não devia de dar assim tanto trabalho. Mas isso são outros "quinhentos"...