11 de abr. de 2012

Reformulando

Não é minha intenção encarar as relações como projetos, posso erradamente (e agora que penso nisso) ter tentado fazer isso numa ou outra ocasião (não no todo da relação, mas durante algum tempo da mesma). Mas não o encarei dessa forma como sendo um "projecto". Afinal de contas as pessoas são como são e se nós gostamos dessa forma não faz sentido estar a tentar mudá-las. Até porque isso é praticamente impossível, todos nós temos a nossa essência, aquilo que nos faz ser o que somos. Entre duas pessoas, o que acontece normalmente (digo eu) são adaptações, ao lidarmos com uma pessoa diariamente vamos (inconscientemente ou não) descobrindo novas facetas (da pessoa e nossas), vamos tentando adaptar- nos a essa pessoa, à relação que temos, enfim se estamos de facto dispostos a investir nessa relação, vamos sempre abdicar de algumas coisas em prol de outras. Mas acredito que uma relação não pode nem deve ser encarado como algo estático, como se fosse um objecto deixado ali na cómoda, onde de vez em quando passamos com o pano do pó para voltar a ter alguma da sua beleza inicial, ou como uma planta que colocamos num vaso e de vez em quando nos lembramos que tem de ser regada porque já está a ficar murcha. Não acho que esta seja a melhor forma de levar uma relação a bom porto, mais cedo ou mais tarde o objecto na cómoda vai ficar coberto de um pó tão persistente que nunca mais vai sair e por conseguinte perder a sua beleza e, a planta vai eventualmente murchar de forma irremediável. Acredito numa relação de constante "desafio" em que queremos sempre mais e melhor da outra pessoa que está ao nosso lado, não quero com isto dizer que se vai entrar numa de desafios impossíveis e ilógicos não. Mas vejamos as coisas da seguinte forma, ou melhor, vendo as coisas do meu ponto de vista acredito que numa relação podemos e devemos dar o melhor de cada um de nós (é óbvia esta) mas também podemos e devemos de fazer sobressair o que há de melhor na outra pessoa. Acredito que devemos de ajudar a outra pessoa descobrir-se, a arriscar coisas novas, a aceitar desafios, a evoluir. Mas para isso é peremptório que a outra pessoa queira evoluir e é aí que esbarro, é aí que perco. Das várias pessoas que têm entrado na minha vida, poucas foram as que estavam dispostas a evoluir, num momento inicial sim, mas com o passar do tempo e depois de entrarem numa "safezone" (esta tem créditos) parece que desligavam, que o mais díficil estava conseguido e então a partir daí simplesmente deixavam-se ir conforme a maré, sem quererem passar disso, tal qual um barco que fica atracado a um porto e não quer mais sair dali. E isso incomoda-me, uma relação não se pode dar ao luxo de ficar atracada a um porto, não pode ser um objecto a acumular pó...e incomoda-me ainda mais quando as pessoas ficam relaxadas e pensam que o que têm jamais será perdido. Mas depois perde-se, depois não existe o nós e aí, só aí é que abrem os olhos.

Um comentário:

Me disse...

Vai ler o que escreveste... lê com olhos de ver.
Ainda hoje, no que escreveste hoje ou por estes dias, te vês como uma "intervenção" junto de alguém. E depois esperas a recompensa, sem nunca a pedires e alegando sempre, aliás, que não a queres. Não existe altruísmo.
Lê-te. Conhece-te. Vê-te.