20 de abr. de 2012

Enquanto

fuma um cigarro à janela, não consegue evitar pensar na vida. É já um hábito que tem vindo a ser adquirido ao longo dos seus anos de vida. Ele gostar de estar ali, sozinho, com o som do cigarro a crepitar, entre o indicador e o dedo médio a poucos centimetros dos lábios. À sua volta ouve os cães, os vizinhos, o vento forte...ele gosta de estar ali a observar os vários elementos que o rodeiam, ver para onde se dirigem as pessoas, a forma como caminham, os casais uns abraçados, outros distantes como se não se conhecessem...aquele é o seu porto de abrigo mas também a torre de controle. Um local previligiado que lhe permite observar aquele pequeno mundo à sua volta, um mundo que não pára, cujas engrenagens estão sempre em andamento sem nunca falhar nem parar por um segundo. A vida desenrola-se pensa ele.
Mais um bafo, o som do cigarro a queimar sobrepõe-se a tudo o resto, enche os pulmões do vapor letal, fecha os olhos, aguenta um pouco a respiração, para depois expelir vagarosamente o fumo que acumulou dentro de si...com os olhos fechados imagina, se ao abrir os olhos, haverá a possibilidade de se ver num outro local, não interessa se longe ou perto, nem lhe interessa onde, também não interessa o tempo, apenas sonha com um outro local. De olhos novamente abertos e com a luz a cegar-lhe por breves momentos o campo de visão o seu pensamento ganha uma breve esperança, está tudo branco, não consegue distinguir formas, apenas um manto branco de luz a toldar-lhe a visão.
Mas não, está tudo na mesma, os cães, os vizinhos, o vento forte...no entanto ele gosta de estar ali a observar os vários elementos...

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