O primeiro amor, o primeiro amigo, a primeira saída, a primeira zanga...
Foi ali que senti isto tudo e muitas mais coisas, que a memória já não me deixa buscar.
As pessoas que partem, as que continuam, as que hão-de vir.
As gerações de famílias que por ali continuam...
Enquanto permaneci ali, ontem vieram-me à cabeça os sons da minha infância, do jogar à apanhada, do jogar à bola, do jogar ao bate pé.
A minha avó a chamar-me à janela...a minha querida avó...
As noites de verão, as de inverno, as conversas, as descobertas...
Naquele local, passávamos horas a jogar à bola. A única preocupação era marcar golo, era ser o melhor em campo, era dar o máximo.
Quando estávamos no Largo, não haviam amizades, era uma guerra de vida ou de morte. O muda aos 5 e acaba aos 10, o sabor da vitória.
Ali era o nosso reino, o nosso Bairro. Ali fui feliz como nunca fui em mais lado nenhum.
Foi no Largo, que me lembro de sonhar, de como iria ser a minha vida, as minhas ambições, os meus desejos.
Se calhar é verdade o que dizem, que nunca se deve voltar a um sítio onde fomos felizes.
Ali, oiço os meus amigos a gritarem pelo meu nome, oiço-os a gritar golo, oiço-os a contar até 100 no jogo da apanhada, oiço-os a gritar à janela cada vez que era golo do Benfica.
Ali estará para sempre a minha infância...aquele local terá sempre um lugar muito especial no meu coração.
Para ti Largo.
